Em 2011, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteve no Roda Viva, programa da TV Cultura, e debateu sobre diversos assuntos interessantes. Neste artigo vou destacar apenas uma citação.
FHC (como é mais conhecido pelo povo brasileiro) disse que “as novas classes médias não são classes médias, e sim, classes de renda”. Ele se referiu à tendência de denominar a classe mais pobre que hoje se encontra com mais poder aquisitivo para o consumo.
Com esta citação FHC quis dizer que a “nova classe média” não se caracteriza por uma transformação sociocultural, e sim, por uma mudança de viés econômico onde há mais dinheiro em circulação.
Esta denominação encontra-se bem presente nos dias atuais, principalmente no período que antecede o Natal. É possível presenciar diversas ações e promoções, como a Black Friday (promoção realizada por varejistas que ocorre em uma sexta-feira) e também a redução do IPI para os eletrodomésticos da linha branca (fogão, geladeira e máquina de lavar) e para os carros.
Com maior poder aquisitivo, as pessoas (inclusive a nova classe média) podem comprar cada vez mais e muito mais produtos.
Alguns jornais televisivos mostraram reportagens que por causa dessas facilidades para consumir, como exemplo a redução do IPI, as pessoas estão trocando toda linha de eletrodomésticos de suas casas sem uma real necessidade, apenas pela “necessidade” de ter um produto mais novo e melhor.
Então, por que o título deste artigo tem haver com sustentabilidade?
Porque estamos vivendo o oposto dos conceitos de uma economia voltada à sustentabilidade, também chamada de economia verde.
O crescimento econômico e o aumento do poder de consumo da população são importantes para o desenvolvimento deste país.
Entretanto, um consumo desenfreado gera muito lixo e utiliza muitas matérias-primas não renováveis.
O renomado economista brasileiro Celso Furtado já dizia que se todas as nações subdesenvolvidas (como era o Brasil há alguns anos atrás) tivessem um novo modelo de consumo mais facilitado pelo desenvolvimento tecnológico, a pressão sobre os recursos não renováveis seria tão imensa que o sistema econômico mundial entraria em colapso. É isso que estamos vivenciando atualmente, principalmente, quando vemos as crises na Zona do Euro e nos Estados Unidos.
A verdade é que nós, comunicadores, dependemos muito deste modelo de consumo atual, principalmente quem trabalha com comunicação mercadológica e institucional.
Mesmo assim, convido os comunicadores a repensar sobre o caminho para qual este consumo exacerbado nos levará, pois todos nós precisamos trilhar um meio sustentável, ou seja, um caminho que se sustente por si próprio e que não destrua os outros caminhos a serem seguidos.
Publicado no Portal Comunifoco:
http://comunifoco.com.br/2011/12/sustentabilidade-consumo-e-um-pouco-de-economia-para-comunicadores/